“Onde tudo começou”: o primeiro brasileiro em solo catalão

Em uma época onde o mercado internacional do futebol de salão não era muito comum à atletas brasileiros como é atualmente, teve um jogador paulistano que ultrapassou a barreira que existia na época, e se tornou o primeiro  brasileiro a defender as cores do Barcelona. Hoje, na série “Onde tudo começou” será contada com mais detalhes a história do ex-pivô Ruy.

O ex-salonista teve grandes passagens por grandes clubes que marcaram época nos anos 80. Defendeu a S.E.Palmeiras: de 1972 à 1974; C.A.Ypiranga: de 1975 à 1977; S.E.Palmeiras: de 1978 à 1983; G.R. Rossi: 1984; E.C.Banespa: 1985; e, o seu grande salto na carreira foi quando atuou pelo famoso time da Catalunha: F.C. Barcelona, de 1986 à 1987. Ruy foi o primeiro brasileiro a jogar no Barcelona e o primeiro paulistano a migrar para a modalidade na Espanha.

Ruy em seus tempos de Palmeiras, sendo o segundo agachado da direita para à esquerda. (Foto: arquivo pessoal).

Entretando, Ruy quase não teve a opotunidade de conhecer outra cultura e outra táticas em um país que não fosse o Brasil. “Fui jogador de campo e salão simultaneamente, mas tive que optar quando nosso grande vice-presidente do Palmeiras na época, Sr. Januário D’Aléssio Neto, presidente da Fifusa, pediu-me para parar de jogar salão para dar continuidade no campo. Como eu amava jogar salão optei por continuar, porém tive que sair do campo do Palmeiras e me transferi para a Portuguesa aonde joguei por mais um ano no campo e, simultaneamente no salão do Palmeiras onde dei continuidade”, afirma Ruy.

Em sua época de jogador, diferente de muitos ex-salonistas que já passaram pela série e confessaram dividir o seu tempo de atleta com o de trabalhor fora das quatro linhas, Ruy não trabalhava, só estudava. Em umas de suas partidas atuando pelo Banespa, precisou ser retirado de camburão por conta de tamanha confusão que aconteceu em Cameponato Estadual. O ex-pivô conta que após levar um pisão na orelha do adversário após ter marcado o gol que desclassificou a equipe da casa e classificou somente o Banespa – em caso de empate, ambos os times se classificariam -, no lance seguinte ele deu um suco por trás. O tumulto começou.

“O treinador era o Sr. Renato Toni. O ginásio estava lotado e o resultado era de 0 a 0 e clasificava as duas equipes. Eu estava no banco e seu Renato Toni me chamou para entrar no jogo, pediu um tempo e falou “pessoal, o jogo praticamente acabou , vamos só cercar”. Mas, quando faltavam apenas 15 segundos acabei marcando um gol daqueles bem xoxo que acabou desclassificando o time da cidade, só que quando fiz o gol eu caí, e neste momento um jogador deles me deu um pisão na orelha. Eu não vi mais nada e quando este jogador se dirigia com a bola para o centro da quadra dei-lhe um soco por trás. O ginásio veio abaixo, saímos correndo para o vestiário e ficamos trancados pois queriam nos matar. Além do time da casa ter perdido a classificação eles queriam a mim, tive que sair de camburão apedrejado, peguei um mês de gancho e quase perdemos os pontos. Agora, imagine como o Sr. Renato Toni ficou comigo, quase me matou”, relata.

Entre tantos acontecimentos na carreira de Ruy, o que mais foi marcou de modo negativo foi em uma partida não-oficial. Como é comum desde épocas passadas, jogadores que estão de férias participam de jogos festivos. Com o atual empresário do ramo de confecção não foi diferente, e um que era para ser comemorativo se tornou o término da carreira do até então jogador do Barcelona (ESP).

“Só não voltei para o Barcelona em 1987, pois de férias no Brasil fui convidado para fazer um jogo festivo. Era aniversário da cidade de Tatuí, quando aos cinco minutos de partida tive uma lesão ligamentar e minha carreira se encerrou de maneira frustante e precoce aos 27 anos”, confessa Ruy.

Ruy é o primeiro agachado da esquerda para à direita. (Foto: arquivo pessoal).

Enquanto salonista conquistou inúmeros títulos, e até hoje é lembrado pelas suas glórias coletivas e individuais em quadras brasileiras e européias: Campeonato Metropolitano Categorias de Base (5x campeão); Campeonato Estadual (6x campeão); Torneio Início (4x campeão); Taça Cidade de São Paulo (2x campeão); Taça Continental (1x campeão); Campeonato Metropolitano Categoria Principal; (3x) Tênis de Ouro; (3x) Sel.Paulista; e(1x) Sel. dos melhores da Copa da Espanha.

 

Com a camisa da seleção paulista, Ruy é o quarto da esquerda para à direita. (Foto: arquivo pessoal).

Atualmente com 58 anos, Ruy não não titumbeia quando perguntado sobre a longa jornada do futsal em se tornar um esporte olimpíco. “Se virasse um esporte olímpico, a mídia se faria mais presente valorizando de maneira substancial e, consequentemente, haveria mais divulgação das emissoras de televisão, mas está pergunta é difícil até porque no Brasil a cultura do futebol de campo fala alto”, diz.

Ruy em matéria de jornal da Catalunha. (Foto: arquivo pessoal).

 

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