Falcão relembra estreia nos gramados pelo São Paulo

Na noite do dia 20 de janeiro de 2005, ou seja, há 10 anos, Falcão estreava nos gramados pelo São Paulo FC. O placar apontava 37 minutos do segundo tempo e o São Paulo vencia o Ituano por 3 a 1, quando o técnico Emerson Leão resolveu substituir o atacante Diego Tardelli para promover a estreia do craque do Futsal.
Em pouco mais de oito minutos em campo, Falcão protagonizou lances que empolgaram a torcida são-paulina e geraram expectativa sobre o futuro dele no futebol de campo. Mas a empolgação inicial deu lugar à frustração, já que o craque foi pouco aproveitado por Leão durante os meses em que vestiu a camisa do São Paulo.
Dez anos após sua estreia pelo Tricolor, o ala relembra a passagem pelo clube do Morumbi.
Foi em um ano e momento muito importantes da minha vida, pois estava fazendo um ano que eu tinha perdido meu pai. Eu havia acabado de ganhar o prêmio de melhor jogador do mundo de futsal, era um grande desafio e o São Paulo me valorizou muito. Não me arrependo nem um pouco. Fui muito bem tratado pela torcida e com outro treinador eu tenho certeza que teria jogado. Mesmo tendo passado 10 anos, eu ainda recebo o carinho dos torcedores são-paulinos e isso para mim é o que mais vale: de ter essa pontinha de dúvida na cabeça das pessoas e na minha, disse.
Substituído por Falcão na época, o atacante do Shandong Luneng- China, e da seleção brasileira Diego Tardelli relata que foi honroso jogar com Falcão no São Paulo.
Para mim foi uma honra, porque eu já era muito fã dele e quando chegou ao São Paulo fui o primeiro a ter mais intimidade no dia a dia. A gente brincava toda hora. O Falcão é um dos amigos que tenho no futebol, uma pessoa simples, engraçada e com coração enorme – disse o atacante Diego Tardelli, em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com.
Falcão acredita que mesmo sem ter atuado constantemente no São Paulo, os torcedores idolatravam-no por conta do que fez no futsal antes de chegar ao Tricolor. Quatro vezes eleito melhor jogador de futsal do mundo pela Fifa, o craque considera a passagem pelo futebol um divisor de águas na carreira.
A popularidade aumentou e o carinho recebido no São Paulo era pelo que eu fazia dentro das quadras. Foi bom também para mostrar que meu nome já era forte pelo que eu fazia. A passagem pelo futebol foi um divisor de águas na minha vida, relatou.
Em pouco mais de cinco meses no São Paulo, Falcão atuou em seis partidas, sendo uma como titular. Foram cinco vitórias e apenas um empate, na campanha que deu o título paulista ao Tricolor em 2005. No mesmo ano, o clube conquistou a Libertadores da América e o Mundial de Clubes.
Após passar cinco meses no São Paulo, Falcão retornou ao futsal e, desde então, chegou a todas as finais da Liga Futsal, o campeonato mais importante da modalidade no país. Em 10 finais, o ala conquistou oito títulos com Jaraguá (3), Santos (1), Orlândia (2) e o Sorocaba (1).
Ter saído do futebol e ter voltado às quadras me gerou uma responsabilidade muito grande. De lá para cá foram 10 finais consecutivas, foi uma responsabilidade que gostei e abracei. O futsal é o esporte que eu nasci para jogar, que não tenho que provar nada para ninguém. Não sei aonde eu estaria aos 37 anos de idade no futebol, e no futsal eu estou jogando em alto nível, em grandes equipes, conseguindo disputar títulos e motivado, afirmou.
O sucesso de Falcão nas quadras é o principal argumento usado por Emerson Leão, treinador do São Paulo na época, para justificar a falta de oportunidades dadas ao jogador em 2005.
Não teria futuro no futebol, acho que ele nunca entrou em campo. Ele é maravilhoso no futebol de salão, mais nada – explicou Emerson Leão, em entrevista ao GloboEsporte.com, no primeiro Fórum Brasil de Treinadores, realizado em dezembro, em Itu.
Para Diego Tardelli, o ala teria sucesso no futebol se tivesse tido mais chances de jogar e revela que não entendia o fato do jogador não ser escalado nas partidas.
Se ele tivesse tido uma sequência de jogos, com certeza iria se adaptar o mais rápido possível e jogaria fácil. Eu acho que foi meio pessoal, também não entendia porque o Falcão não jogava. Nos treinos ele sempre se destacava, fazia as coisas corretamente e no jogo não entrava. Não sei o que se passava pela cabeça do Leão. Eu mesmo torcia muito para ele entrar nos jogos, argumento o ex-jogador do Atlético-MG.
Cansado de rebater as afirmações de Leão, o ala acredita que foi apenas mais uma “vítima” do treinador, que também tem histórico de desentendimentos com outros jogadores. Falcão afirma que o fato de não ter tido uma sequência de jogos deixou uma “pulga” atrás da orelha dele e dos torcedores que esperavam vê-lo em ação no futebol.
Logo na minha apresentação, ele [Leão], já deixou claro que eu era “jogador do presidente”. Também já conhecia o histórico de desentendimentos dele com Iarley no Goiás, Edinho no Santos, Tevez no Corinthians e o Taffarel no Internacional. O histórico dele é esse e ele procura se defender da escolha dele falando que eu não daria certo jogando. Nesses jogos do final de ano, por mais que sejam brincadeira, pelo meu toque na bola, eu [mostro que] conseguiria ter jogado no São Paulo. Não tenho mágoa, mas acredito que teria mais oportunidades. Se daria certo é outra história, mas ao menos teria jogado – disse Falcão.
O presidente do São Paulo na época era Marcelo Portugal Gouvêa, que morreu em 2008. Diretor de futebol na gestão de Gouvêa, Marco Aurélio Cunha, um dos responsáveis pela contratação de Falcão, lamenta o fato do jogador não ter tido uma sequência dentro de campo.
Eu acreditava muito no sucesso dele, acho que ele teria tido espaço no futebol se tivesse tido uma sequência. Seria uma grande jogada do São Paulo unir o marketing com o potencial que ele tinha como jogador. O São Paulo sempre teve muitos jogadores e o Leão não gosta de exceções, a carreira responde por ele. Mas o Falcão acabou tendo perspectivas de contratos melhores no futsal e acho que ele acertou em retornar às quadras. Mas o que fica é essa dúvida: se ele daria certo ou não no futebol. Eu tenho certeza que ele teria muito sucesso, [foi] uma pena, concluiu.
No futsal, além das conquistas nos clubes que passou nos últimos 10 anos, Falcão acumula 14 títulos com a seleção brasileira. Entre eles, o bicampeonato mundial de futsal (2008/2012).
Por Assessoria FPFS
Com informações GloboEsporte.com
Foto: Arquivo/Diário de São Paulo)