“Onde tudo começou”: granada enferrujada e noite longa na delegacia

Dando sequência a série “Onde tudo começou”, onde relembramos as carreiras de grandes atletas da Geração da Bola Pesada no futebol de salão, nesta sexta-feira (08/02) vamos contar um pouco mais sobre a história de Miral, ex-pivô da seleção brasileira de futebol de salão, e de clubes tradicionais de São Paulo da época.

Antes de defender as cores de Residência, Indiano, Palmeiras, Água Branca, Transbrasil, GM, Bordon, Tejusa, Prodesp/Portuguesa, Ribeirão Pires, Corinthians e Banespa, Miral começou no dente de leite do Palmeiras jogando no futebol de campo. Entretanto, como na época os treinos eram diários e atrapalhavam as aulas, o ex-pivô deixou a modalidade. Foi no EC Vila Mariana que Miral começou no futebol de salão. Depois de se tornar atleta federado, a sua primeira equipe profissional foi a Hebraica. De acordo com o ex-atleta, a motivação para continuar no esporte de salão naquela época era que podia treinar e jogar sem que atrapalhasse os estudos.

Da esquerda para a direita, em pé está o goleiro Menta (o sexto). Dos que estão agachados, Geraldinho é o primeiro, Banzé é o quarto e Miral é o quinto. Foto: Sarkis

Formado em Engenharia Civil, e trabalhando atualmente como perito judicial e supervisor das categorias de base de futsal do EC Pinheiros, aos 61 anos, Miral coleciona diversos títulos: pentacampeão Estadual, tetracampeão metropolitano, campeão Brasileiro de Seleções, tricampeão Brasileiro Universitário, bicampeão Sul-Americano e campeão Mundial com a seleção brasileira de futebol de salão.  Com as cores do Brasil, Miral entrou para a história do esporte junto com Barata, Beto, Pança, Paulinho, Paulo César, Walmir, Leonel, Branquinho, Cacá, Paulo Bonfim, Jorginho, Jackson, Carlos Alberto e Douglas Pierotti, sendo comandados por  César Vieira,  conquistando o primeiro campeonato mundial para o país, em 82.

Miral é o primeiro da esquerda para à direita. Foto: CBFS

O  morador da Vila Clementino, zona sul de São Paulo, possui diversas histórias e, como um bom recordador, destacou uma em especial. “Estava em fim de carreira e eu jogava pelo Tejusa, de Indaiatuba, e jogamos contra o  Dracena. O time foi mal no primeiro tempo, virou 9 a 0 para o Dracena. O  técnico falou para irmos para cima e o jogo chegou a ficar 9 a 8. Fizemos um gol que o juiz invalidou. O rapaz do Dracena fez um gol e fez um chupa para o nosso goleiro Rafael . Ele tinha sido militar e, quando fomos fazer o comprimento pós-jogo, o Rafael deu um tapa na orelha do jogador. Fomos para Dracena para jogar o jogo de volta e ficamos no coreto ao invés de um hotel, e passavam algumas pessoas de motos e falavam que iriam pegar o goleiro. Como ele tinha sido militar, levou uma uma granada do avô dele toda enferrujada. Quebrou o pau durante o jogo, tivemos que correr para o vestiário porque a torcida veio para cima de nós”, destaca Miral, que completa. “O goleiro pegou a granada, e quando a torcida veio se assustou. De repente caiu o pino da granada, como viram que não deu em nada por ela ser velha, foram para cima. Quando estávamos saindo com o ônibus, vieram cinco rádios patrulhas, o Rafael escondeu a granada na bolsa do Banzé, que já era um cara mais velho, certinho, e a polícia entrou no ônibus e comentou sobre a granada.  Revistaram as bolsas e acharam na bolsa do Banzé, e o Rafael ficou na dele.  Prenderam todo mundo. Depois o Rafael  foi lá e contou o que  havia acontecido. O jogo acabou entre 17 e 18 horas, mas  fomos liberados da delegacia depois  das 4 horas da manhã.

Como todo jogador tem o seu estilo, com Miral não é diferente. Ao longo dos anos, o ex-pivô manteve intacta (agora um pouco mais grisalha) a sua barba, marca registrada até os dias de hoje.

 

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