“Onde tudo começou”: tropas, armamentos e presença do general paraguaio Alfredo Stroessner
Em mais um capítulo da série “Onde tudo começou”, nesta sexta-feira (7) vamos contar a história do ex-goleiro salonista, Luiz Antônio Iapichini (Pipa), com passagens por três tradicionais clubes do futebol de salão: Banespa, Paulistano e Palmeiras.
Foi no Banespa que o menino de 11 anos começou a sua trajetória na modalidade, no ano de 1961. Vindo de Itu, cidade do interior paulista de São Paulo, Pipa não tinha dúvidas em qual posição gostaria de seguir carreira: a de goleiro. Dois goleiros o inspiraram em sua época de criança: Gilmar Santos, ex-goleiro do futebol de campo com passagens por Corinthians, Santos, seleção brasileira e, Machado, com passagem pelo Clube Atlético Ypiranga. “Ele me impressionava com sua postura debaixo das traves e na saída do gol. Teria que me aperfeiçoar muito para ficar parecido com ele. Era a minha meta”, comentou Pipa. Seu grande instrutor durante a sua formação foi o “Mão de onça”, ex-defensor da meta com passagens por Ituano (SP), Juventus (SP) e Goiás (GO).
Sobre um dos melhores times que já fez parte durante o seu ciclo no profissional, Pipa não exitou: elenco do Palmeiras que tinha além dele: Arnaldinho, Pinga Fogo, Serginho Carioca e Aécio. “Foi formado um dos melhores times de futebol de salão de todos os tempos. Éramos quase imbatíveis. Quem conseguiu nos vencer não se esquecerá jamais”, relembrou.
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No Campeonato Sul-Americano de 1971, realizado no Paraguai, Pipa defendida o Palmeiras, e menciona uma partida como um dos momentos mais marcantes de sua carreira, não só pelo título conquistado, mas pelo o que viu antes da grande decisão acontecer no ginásio Comuneros. Na época, o país sul-americano vivia uma ditadura militar e, na decisão, o então general Alfredo Stroessner, que ficou no poder por 35 anos, compareceu ao local para acompanhar o confronto.
“Trouxe sua tropa particular de defesa, soldados armados de metralhadora, que adentraram o ginásio em fila e acelerados, enquanto fazíamos o aquecimento, ocupando um a cada cinco metros, todo o perímetro do anel superior. Foi aterrorizante. Cheguei a pensar: vale a pena ganhar?”. Não se intimidando com o que via, a equipe brasileira venceu por 2 a 1, com gol de Serginho no último minuto.
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Após se aposentar das quadras e seguir a profissão de engenheiro, já que havia incompatibilidade de horários e ambos os trabalhos exigiam dedicação e esforço, Pipa não se preocupou em ser saudosista, e seguiu com a sua vida em outro rumo já que ocupava um cargo importante na empresa onde trabalhava e tinha família para sustentar. “Tomei novos rumos. Na profissão que escolhi tive várias oportunidades de aperfeiçoamento no exterior. Não joguei mais, nem casados e solteiros. Odeio tomar gol”, diz. Com 69 anos, o ex-arqueiro é engenheiro aposentado e ajuda a cuidar dos três netos.
Ao longo de sua carreira, Pipa conquistou Campeonatos Metropolitanos, Estaduais, Brasileiros, além dos Jogos Universitários.
Em outubro de 2017, a FPFS prestou homenagem a ex-jogadores da “Geração Bola Pesada”, que contribuíram para o crescimento da modalidade no país. O evento do ato solene foi realizado na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Por sua dedicação ao esporte, Pipa (o central na foto em destaque), foi um dos ex-jogadores homenageados. “Quando fui convidado para receber a homenagem, julgava-me esquecido. Foi uma sensação incrível. Levei até meu neto para ver o vovô. Reencontrar amigos, velhos companheiros, foi uma alegria. Poder homenagear aqueles que já se foram, foi emocionante e gratificante”, completou.